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Ele está no rádio há mais de 60 anos. Baixinho, carrega um “vozeirão” que o consagrou como locutor na cidade de Castro. Alfredo de Jesus Pinheiro, ou somente “compadre Caju”, começou a trabalhar com as ondas sonoras quando tinha apenas 15 anos.

Como gostava de rádio, foi se inserindo no veículo de comunicação. Primeiro atuou como operador de som, depois passou a comandar alguns programas de locução, como Mensagem ao Fazendeiro. O tempo passou e hoje ele comanda dois programas na Rádio Castro AM 1130: Assim é que é o Sertão e Rancho do Caju.

Como vinha do interior, Caju sempre gostou de escutar músicas sertanejas. E foi na raiz caipira que ele apostou (e ainda aposta) para comandar as locuções. Seus programas são embalados por músicas, anúncios que ele improvisa e, é claro, a participação dos ouvintes, que acontece por meio de ligações e das quase extintas cartinhas. É por meio delas que muitos ainda conseguem se expressar e fazer pedidos ao Compadre Caju, na esperança de que sejam atendidos.


As cartas chegam todos os dias. Às vezes o pedido desejado é uma cama, outras vezes é uma cesta básica. Varia muito de acordo com a necessidade do público. O locutor lê a cartinha no ar e assim ele consegue ajudar os ouvintes. E é desse modo que ele vai tocando o programa nas manhãs e tardes diárias.  

Contudo, nesses anos de rádio, muitas coisas mudaram. Hoje é o computador que trabalha. Os discos de 78 rotações e os LPs ficaram para trás. Porém, o Compadre Caju garante que as coisas mudaram para melhor. Não foram apenas os locutores que saíram ganhando, mas também os ouvintes. “Por exemplo, hoje o ouvinte liga pra cá, pede uma música, aparece no painel: ouvinte fulano de tal pede a música tal. O meu operador, de imediato acha a música. Eu anuncio o nome da pessoa, agradeço a participação, e toca a música”, relata.

O caminho, porém, foi longo. Ele até fez um curso de Informática para ajudar no processo de adaptação. Foi a prática e ajuda dos operadores, no entanto, que proporcionaram um aperfeiçoamento melhor das “manhas” desse outro mundo. “Só que aqui na rádio eu não uso o computador, porque eu tenho o meu operador de som. Ele faz tudo, eu só converso com o povo. Eu anuncio, ele comanda a máquina sertaneja”, conta.

O negócio do compadre Caju é lidar com os anseios da população e dar espaço para que consigam se expressar, seja por meio de uma música que recupere as raízes caipiras ou através dos pedidos que os ouvintes tanto desejam. Ali as cartinhas e os telefonemas são garantidos e ninguém pensa em migrar para outras plataformas.

Se o computador ajuda na hora de reprodução das músicas, as redes sociais, como Facebook e Twitter, não são lá tão amigas assim. Então, pelo menos por ora, elas são deixadas de lado na programação que o Alfredo Pinheiro coordena. É por isso que não há nenhuma página ou perfil no Facebook destinados à interação com os ouvintes, já que isso é feito quase que no “tête-à-tête”. 

Ouça parte da entrevista realizada com o Compadre Caju

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As vozes que permanecem